Paralisia Cerebral
A paralisia cerebral é o
nome que se dá a um grupo de problemas motores (relacionados aos
movimentos do corpo) que começam bem cedo na vida e são o resultado de
lesões do sistema nervoso central ou problemas no desenvolvimento do
cérebro antes do nascimento (problemas congênitos). Algumas crianças com
paralisia cerebral também têm desordens de aprendizagem, de visão, de
audição e da fala. Embora a lesão específica do cérebro ou os problemas
que causam paralisia cerebral não piorem, os problemas motores podem
evoluir com o passar do tempo.
Na maioria dos casos de paralisia
cerebral, a causa exata é desconhecida. Algumas possibilidades incluem
anormalidades no desenvolvimento do cérebro, lesão cerebral do feto
causada por baixos níveis de oxigênio (hipóxia perinatal) ou baixa
circulação do sangue, infecção, e trauma. Acreditava-se que as lesões
por baixo fluxo de oxigênio durante o trabalho de parto eram as causas
mais comuns de paralisia cerebral, mas agora os pesquisadores acreditam
que os problemas no parto são a causa na minoria dos casos. Outras
possíveis causas incluem: icterícia grave do recém-nascido, infecções na
mãe durante a gravidez, problemas genéticos ou outras doenças que fazem
o cérebro desenvolver anormalmente durante a gravidez. A paralisia
cerebral também pode acontecer depois do nascimento, como quando há uma
infecção do cérebro (encefalite) ou um trauma de crânio.
Há quatro tipos básicos de paralisia cerebral:
Espástica — Movimentos Duros e difíceis,
Discinética ou atetóide — Movimentos involuntários e descontrolados,
Atáxica — Coordenação e equilíbrio ruins,
Mista — Combinação de diferentes tipos.
A
paralisia cerebral é a desordem motora mais comum da infância. Acontece
em aproximadamente de 1 - 2 para cada 1,000 nascidos vivo, com o risco
mais alto entre os bebês prematuros, crianças de
baixo-peso-ao-nascimento (menos de 1,5 Kg), e em gravidezes complicadas
por infecções ou condições que causam problemas com o fluxo de sangue
para o útero ou para a placenta.
Quadro Clínico
Os sintomas precoces de paralisia cerebral incluem:
Dificuldade para alimentar — Existe um atraso para o bebê ter coordenação para sugar o peito e para engolir,
Demora
no aparecimento dos marcos normais de desenvolvimento motor — Não fazer
coisas que seriam esperadas para uma certa idade. Por exemplo, não ter
um bom controle da cabeça antes de 3 meses, não rolar o corpo antes de 4
a 5 meses, não sentar sem apoio antes dos 6 meses e não caminhar antes
dos 12 a 14 meses.
Baixo tônus muscular (flacidez ou hipotonia) ou
ter músculos duros (rigidez) — O baixo tônus muscular pode ser notado
pela dificuldade em sustentar a cabeça ou manter o tronco firme. A
rigidez muscular pode ser reconhecida pela espasticidade (músculos
“travados”) das pernas na infância.
Outros sintomas dependem do tipo de paralisia cerebral. Eles incluem:
Paralisia
Cerebral Espástica — Este é o tipo mais comum de paralisia cerebral
(aproximadamente 50%) na qual os membros afetados são espásticos, ou
seja, significa que os músculos são duros e resistem ao serem esticados.
Os braços e as pernas também têm "reflexos tendinosos profundos"
reativos (contrações musculares involuntárias em resposta a um
estímulo). Por exemplo, quando o tendão patelar do joelho é batido com
um pequeno martelo, os músculos da perna se contraem e “chutam” com
força. A pessoa normalmente tem estes sintomas tanto quando acorda como
quando vai dormir.
Paralisia Cerebral Discinética ou Atetóide — Esta
forma menos comum (aproximadamente 20%) de paralisia cerebral é
caracterizada por movimentos involuntários da face, tronco e membros que
freqüentemente interferem com a fala e a alimentação. Os sintomas podem
piorar em situações de tensão emocional e podem ir embora durante o
sono. Os movimentos podem ser rápidos e aos trancos (coréia) ou serem
distorcidos (atetose) ou ainda, podem envolver a permanência em uma
posição anormal (distonia).
Paralisia Cerebral Atáxica — Este tipo de
paralisia cerebral também é incomum e normalmente envolve uma lesão do
cérebro na parte responsável pela coordenação (chamada de cerebelo). Os
sintomas característicos incluem cambalear o tronco, dificuldade de
manter os membros firmes e movimentos anormais dos olhos.
Paralisia Cerebral Mista — Uma combinação de sintomas de pelo menos dois dos subtipos anteriores.
Todas
as formas de paralisia cerebral podem ter problemas associados,
incluindo retardo mental (em mais de 50% dos pacientes), um
desalinhamento dos olhos chamado estrabismo (50%), epilepsia ou ataques
epiléticos (30%), e desordens visuais ou auditivas (20%).
Diagnóstico
O
médico de seu filho irá colher uma história detalhada, incluindo
detalhes do desenvolvimento, da gravidez e do parto, o uso de
medicamentos tomados pela mãe, infecções e movimentos fetais. Uma
história familiar detalhada, incluindo antecedentes de aborto da mãe e a
incidência do problema em outros parentes, também pode ajudar.
O
médico de seu filho o examinará e poderá solicitar exames de vista e de
audição. Podem ser feitos exames complementares de imagem do cérebro,
como o Ultra-Som, a Tomografia Computadorizada (a TC) ou a Imagem de
Ressonância Magnética (IRM); um teste de atividade cerebral como o
Eletroencefalograma (o EEG); ou exames de sangue e de urina.
Para
fazer o diagnóstico específico e escolher um plano de tratamento
apropriado, o médico pode consultar outros especialistas, como um
neurologista; um cirurgião ortopédico; ou um otorrinolaringologista
(médico de ouvido, nariz e garganta).
Prevenção
Para
ajudar a prevenir a paralisia cerebral, os médicos encorajam as
mulheres grávidas a fazerem acompanhamento pré-natal regular, que começa
o mais cedo possível e se estende por toda a gravidez. Porém, como a
causa da maioria dos casos de paralisia cerebral não é conhecida, é
difícil prevenir. Apesar das significativas melhorias no cuidado
obstétrico e neonatal nos anos recentes, a incidência de paralisia
cerebral não diminuiu. Serão necessárias mais pesquisas das causas de
paralisia cerebral para prevenir estas desordens.
Tratamento
A
maioria das crianças com paralisia cerebral se beneficia da
fisioterapia e da terapia ocupacional precoces. Algumas crianças
precisam de muletas e apoios para as ajudar a ficar de pé e andar.
Algumas podem ter que se submeter a procedimentos cirúrgicos, como
liberações de tendão ou cirurgias ortopédicas (especialmente nos quadris
e na espinha). Alguns também precisam de tratamento para reduzir a
espasticidade que pode incluir medicamentos tomados via oral, injeções
intramusculares ou cirurgia. Para crianças com paralisia cerebral
discinética, o uso de medicamentos às vezes ajuda em seus problemas de
movimento.
Algumas pessoas com paralisia cerebral grave não podem
comer e respirar sem broncoaspirar (inspirar coisas que normalmente não
deveriam entrar nos pulmões como os alimentos). Estas pessoas podem
precisar ser alimentadas através de uma sonda (tubo) inserida pelo nariz
(sonda nasoenteral) ou através da pele (gastrostomia) até o estômago;
ou podem precisar respirar por uma abertura cirúrgica pequena no pescoço
(traqueostomia).
Qual médico procurar?
O
acompanhamento adequado da paralisia cerebral exige uma equipe de
especialistas que ajude a maximizar e coordenar os movimentos, minimizar
o desconforto e dor, e prevenir as complicações a longo prazo. Esta
equipe poderá incluir, além do neurologista, um ortopedista; um (a)
fisioterapeuta, um (a) fonoaudiólogo (a), um (a) psicólogo e um (a)
terapeuta ocupacional. Além disso, assistentes sociais podem prover
apoio às famílias e podem ajudar a identificar alguma privação de
recursos da comunidade. Contate um neurologista se seu filho demonstrar
um tônus muscular anormal, fraqueza muscular, movimentos anormais do
corpo ou se não estiver desenvolvendo suas habilidades motoras normais
próprias da idade.
Prognóstico
A
paralisia cerebral geralmente é uma condição de longa duração
(crônica), mas em geral não piora. Algumas crianças são severamente
afetadas e têm dificuldades para o resto da vida. Outros podem ter
sintomas leves de paralisia cerebral durante a infância, mas depois
desenvolvem tônus muscular normal e habilidades motoras. Embora estas
crianças possam continuar tendo reflexos tendinosos profundos anormais,
elas podem não experimentar problemas significativos no movimento em
suas vidas diárias.
Em alguns casos, os sintomas de paralisia
cerebrais mudam com o passar do tempo. Por exemplo, o tônus muscular
diminuído (hipotonia) na infância pode evoluir para tônus muscular
aumentado (hipertonia) com o avançar da idade.